Piratas à força

O ESTADO DE S. PAULO – SP
21/03 

Preços muito altos para a cultura, salários baixos e a disseminação de tecnologias baratas para trocar arquivos e queimar CDs e DVDs – essa é a combinação que faz dos países emergentes constantes destaques em listas dos mais piratas, afirma uma pesquisa conduzida ao longo de três anos pelo Social Science Research Council em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas. 

Buscando funcionar como um contraponto independente aos estudos patrocinados pela indústria, a pesquisa afasta a maioria dos piratas de ligações com o crime organizado e alega que a principal razão para a PIRATARIA no mundo em desenvolvimento é antes de tudo econômica.

O relatório analisou os preços piratas e oficiais no Brasil, na Índia, na Rússia, na África do Sul, no México e na Bolívia e descobriu, por exemplo, que o Windows original chega a custar de cinco a dez vezes mais nesses países do que nos Estados Unidos ou na Europa. Os dados mostram que o DVD pirata no Brasil, ajustado ao poder de compra da população, custa US$ 20, bem perto do preço do oficial nos Estados Unidos (US$ 24). Já a versão legal, por aqui, custa três vezes mais do que lá. “Basicamente, grandes multinacionais formulam preços para proteger mercados de alta renda. Eles preferem isso a expandir suas atividades em mercados de baixa renda como o do Brasil ou da África do Sul. E faz que eles virem piratas”, explica o sociólogo norte-americano Joe Karaganis, que chefiou o estudo. Para ele, a confusão entre PIRATARIA e flexibilização é incentivada pelas leis desses países, que ainda não estão adaptadas à lógica de compartilhamento que veio com a internet.

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