Diretores protestam contra download doméstico de filmes

 

Foto: GettyImages Ampliar

James Cameron, um dos assinantes da carta

IG São Paulo

02/05/2011

Estúdios implantam medida que diminui tempo de exclusividade de salas de cinema de 120 para 60 dias

Um grupo de mais de 20 diretores de cinema, incluindo James Cameron, Peter Jackson e Robert Zemeckis, escreveu um manifesto contra a iniciativa dos estúdios de Hollywood de liberar os filmes para download caseiro enquanto eles estão sendo exibidos. A estratégia diminuiu o tempo de exclusividade dos cinemas, dos atuais 120 para apenas 60 dias.

A tática é uma maneira da indústria compensar a queda na venda de DVDs. Quatro dos grandes estúdios já decidiram adotar o novo prazo: Sony Pictures Entertainment, 20th Century Fox, Universal Studios e a Warner Bros. A comédia “Esposa de Mentirinha”, com Adam Sandler e Jennifer Aniston, já entrou para download na última semana, 70 dias após seu lançamento.

Com a carta, os diretores se unem ao protesto dos donos de cinema, que argumentam que a medida vai diminuir a audiência e aumentar a pirataria. O documento diz que a mudança no sistema de lançamentos pode “acabar com o modelo financeiro da indústria cinematográfica”. De acordo com o texto, o novo sistema “canibaliza a venda de ingressos” e pode acarretar o fechamento de salas de menor porte.

O diretor James Cameron se mostrou preocupado com a iniciativa. “A exibição em cinema é a grande experiência visual. Se os donos de sala estão preocupados, eu estou preocupado. Por que você daria um incentivo ao público para evitar a experiência da tela grande?”, comentou em entrevista ao jornal britânico Guardian.

Mas há quem defenda a iniciativa, como o produtor britânico Stephen Margolis, da Future Films. Eles lançaram “Um Plano Brilhante” (2007) para download três semanas antes de sua estreia nos cinemas, para aumentar a propaganda boca-a-boca. “Esta é a chance da indústria do cinema evitar alguns erros da indústria musical”, disse em entrevista ao Guardian. “Ela precisa entender o que o consumidor quer.”

O diretor da Motion Pictures Association of America, que representa os estúdios, também defendeu a iniciativa. “Os filmes são feitos para exibição em tela grande e em locais cheios de pessoas. O que estamos fazendo é um enorme esforço para criar novos modelos de negócio de acordo com a demanda dos usuários, em uma época de enorme desenvolvimento tecnológico.”

De acordo com uma pesquisa da British Video Association, em 2010, o download de filmes no Reino Unido gerou receita de 78 milhões de libras, mais que o dobro dos 35 milhões do ano anterior.

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